sexta-feira, 18 de junho de 2010

Fim da viagem de José Saramago

"No final, descobrimos que a única condição para a vida existir é a morte". (Saramago, 2005)

Faleceu hoje, aos 87 anos, o escritor português vencedor do prêmio Nobel de literatura, José Saramago.
Autor de livros polêmicos como "O evangelho segundo Jesus Cristo" que vendeu mais de 200 mil exemplares, Saramago também viu seu livro "Ensaio sobre a cegueira", com mais de 300 mil exemplares vendidos, ser transformado em filme, sob direção do brasileiro Fernando Meirelles. Na ocasião da estréia do filme, o escritor chegou a chorar de emoção, fato que mostra um pouco da personalidade do escritor que, apesar de posições duras na política ou em questões religiosas, era de uma imensa doçura e sensibilidade que transparecem também em seus escritos.
Apesar da avançada idade, o escritor continuou trabalhando até o último momento. Seu último livro foi publicado há apenas dois anos "A viagem do elefante" (2008) e ainda contava com um blog no qual escrevia regularmente.
Sua última postagem no blog data de hoje, 18 de julho, mesmo dia de sua morte. Suas últimas palavras atentam à necessidade da reflexão e filosofia no mundo atual. Veja suas ultimas palavras no blog http://caderno.josesaramago.org/2010/06/18/pensar-pensar/


sábado, 12 de junho de 2010

Receio

No último fim de semana estive novamente em minha querida Poços de Caldas/MG visitando a família, e, com a ajuda de meu irmão, conseguimos fazer mais um resgate de uma das poesias de papai, publicada há muitos anos no já extinto "Diário de Poços".
Outro clássico soneto do "Seu" Ary!

Receio

Pousa a cabecinha em meu ombro e sonha
Cisma tranqüila, quietamente e pensa
Que estás perdida na amplitude imensa
Do firmamento, ó minha flor tristonha!

Deixe que a turba lá de fora ponha
Em seu amargo pessimismo adensa
Treva dos males vem assim risonha
Plácida e meiga na ardorosa crença.

Guarde as mãozinhas em minha mão ansiosa
Cerre as pestanas de cetim e rosa
E eu cante o amor e viva na alegria

Triste alegria de te ver presente
E ter no peito esta dor latente
E este receio de perder-te um dia!

Ary Clayton de Oliveira

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ausência

Sempre uma ausência profunda
Sempre aquele instante eterno
Sempre a saudade de tudo me envolve.

É aquele vazio
de tua ausência
que me atormenta.

É a saudade
- palavra plena -
Que me persegue.

É uma espera constante a minha vida.
Espero os dias passarem, ou voltarem,
mas não voltam.

Porque Deus fez o mundo tão imenso
e os corações tão pequeninos?

(Aline Maria Magalhães - 21/09/2006)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Aniversário

Aniversários fazem-nos perceber de maneira diferente a passagem do tempo e da vida. Talvez seja por isso que algumas pessoas ficam deprimidas nessa data, porque parece quase inevitável pensar em todos os anos já vividos e planejar ou sonhar com aqueles que ainda virão. Eu fico muito grata pelos dias vividos e as conquistas que vieram da luta.
A passagem do tempo é percebida diferente conforme envelhecemos, porque quando criança, os anos demoravam tanto a chegar, a maioridade parecia algo tão distante no tempo, a escola parecia que era para a vida toda e esperávamos um ano tão longo para chegar o próximo aniversário! Agora, corremos contra o tempo, o tempo que foge acelerado, o dia que parece já não ter 24 horas e os anos passam sem que dê tempo de fazer o planejamos nem de viver bem os dias que correm. A areia do tempo escorre entre os dedos e vivemos apenas os poucos grãos que sobram..
Percebo que estou "amadurecendo" ou envelhecendo - prefiro amadurecer como fruta que fica mais saborosa madura, pois a palavra velho parece ligada ao que não tem mais serventia - quando vejo que o dia do aniversário já não tem mais o significado festivo de antes, apesar de ser muito grata por toda a vida bem vivida até agora.
Parece que ficamos mais reflexivos nesse dia, e uma ponta de tristeza bate ao ver que algumas memórias se tornaram tão longínquas, embaçadas e amareladas pelo tempo... e vem o medo de esquecer do tempo passado, dos detalhes da infância. A memória é traiçoeira, e as lembranças vem e vão quando querem.
Quando olho para trás, parece tanto tempo vivido, mas sou tão jovem ainda...
Já que não posso conter o tempo, espero aprender com a idade a viver melhor cada dia, aproveitar o instante, viver a vida em toda plenitude, preocupando menos com o amanhã.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Volúvel

Volúvel
Deixo o vento me levar.
Me desfaço,
Me dissipo
Não voltarei
Ao que eu era antes...