segunda-feira, 14 de maio de 2012

O Rio de Janeiro

Essa cidade me consome... Consome cada minuto de minha vida com o trabalho, perdendo tempo em seu trânsito infinito, ocupando minha mente com preocupações do cotidiano. Pouco tempo me resta para refletir comigo mesma, para dar vazão aos meus pensamentos ou para deixar transparecer minha "pulsão narrativa"... Assim, esse desejo incômodo de escrever vai sendo adiado pela falta de tempo e pelo cansaço, físico e mental. Essa cidade me esgota.. Parece sugar todas as minhas energias, minhas forças parecem estar voltadas para as necessidades básicas da vida, mas dentro de mim palpita a necessidade de buscar a poesia da vida, extrapolar o cotidiano através da narrativa. E quando leio grandes obras de autores mineiros que viveram no Rio de Janeiro - principalmente de Drummond e Rosa - vejo como essa cidade foi inspiradora para o trabalho deles, como cada esquina tinha poesia para seus olhares, a brisa do mar, o céu azul, a paisagem carioca, tudo se transformou em poesia, em narrativa em suas mãos. Hoje, nada disso transparece em meu olhar. Pareço viver em outro Rio de Janeiro, que não aquele em que eles viveram. Sim, os tempos são outros, as coisas são mais difíceis, o trânsito mais intenso, a vida mais corrida. Contudo, mesmo assim,o escritor consegue enxergar no seu cotidiano matéria viva para seus escritos, o que me leva a concluir que talvez não seja a cidade que me sufoca, mas que eu sufoco em mim a pulsão de narrar, e, assim, morre a cada dia um pouco de uma escritora que nunca chegou a brotar...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O indizível

O que me assusta não é o medo, a solidão, a saudade ou a depressão que ronda a todos, mas é o indizível, toda espécie de sensação que não encontra nas palavras substância suficiente para expressá-la. O que me assusta é o silêncio. A ausência das palavras. O inenarrável!

(trecho de uma narrativa em construção.)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O canto do galo

Hoje eu fui acordada pelo cantar de um galo à beira da minha janela, logo na primeira manhã das minhas férias em Minas.
Seu canto me despertou para as memórias de infância e num instante pareceu que o passado se fez presente. Eu podia ouvir a voz rouca de minha avó conversando na cozinha, ao lado do velho rádio chiado. Eu podia até mesmo sentir o cheiro doce do café com leite que ela preparava, e que parecia ser o único motivo a me fazer levantar da cama quentinha e enfrentar o frio da manhã de inverno.
Senti que aquele canto do galo era um privilégio meu naquela manhã. Apesar de que, mesmo morando na capital, ainda tenho o prazer de receber a visita dos beija-flores e canarinhos que vem cantar em minha janela, enamorados da água doce que deixo para eles todos os dias. Mesmo assim, o canto daquele galo me pareceu um som inusitado para quem há tempos não o ouvia de tão perto.
E esse som é também o som de minha infância, das noites de "posar" na casa da vó e encontrar as primas. De comer as quitandas gostosas, o pão fresquinho, a goiabada mole dentro do pão. De subir na goiabeira pra brincar de esconde-esconde, e nos intervalos provar da fruta madura.
E é por isso que esse canto rouco ainda é para mim uma doce nostalgia.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Tudo se perde

Não existe lugar seguro.
Tudo se perde no tempo.
Cadernos escritos se perderam
como as poesias que escrevi no vento.

Os escritos à lápis se desbotam
e se tornam apenas fantasmas.
As fotos de infância desapareceram
como em minha memória gasta.

Alguns laços afetivos se desfizeram,
outros se decompõem aos poucos,
como peças de algodão amarelado
que se desmancham com o passar das décadas...

Tentei modernizar-me,
e digitalizar os escritos e ideias no computador.
Mas os arquivos também se corrompem
e se perdem num espaço cibernético incompreensível.

Nas gavetas, no espaço virtual ou na memória
tudo se perde,
nada resiste ao tempo.
Por isso escrevo para o momento presente.

24 de novembro de 2010.

quinta-feira, 31 de março de 2011

O que me falta

A solidão me persegue a vida toda. Apaixonada por mim, não me deixa onde quer que eu vá. Mesmo quando encontrei um verdadeiro amor e achei que, tendo alguém comigo todos os dias de minha vida, eu jamais estaria só, ainda assim, ela encontrou forças para me arrebatar.

E fez uma troca comigo: consegui um amor e perdi todos os amigos. Ela me exilou na mais bela cidade do mundo, para que eu a encontrasse como minha companheira, e dela bebesse como água essencial à vida, e dela fizesse a minha inspiração.

Assim ficamos eu e ela, e só me restou as palavras e todo espaço em branco para preencher... infinito...

As palavras me acompanham nessa luta, mas muitas vezes elas também fogem. Faltam palavras para expressar o que sinto, esse nó na garganta que desce para meu peito e me aperta, como se meu coração ficasse menor, fazendo o sangue escorrer devagar pelas minhas veias, como se um fino ferro fervente corresse pelo meu corpo.

A minha vida passa sem sentido, à procura de paz, à procura do que me falta para sentir-me completa, preenchida. Quero aprender a ser feliz apenas comigo mesma, encontrando em mim a melhor companhia.

Nesses momentos em que me deixo levar pela dor, começo a sentir a falta de todos aqueles que fazem parte da saudade profunda que sinto dos que se foram.

E tudo me falta de maneira tão dolorida... O carinho de mãe, o colo de vó, as histórias de vô, as brincadeiras de irmãos, as comidinhas do pai, o pão de queijo da tia, as conversas com as melhores amigas. E os irmãos que encontrei pelo caminho e achei que fossem pra sempre.

E o que fica são memórias de bons momentos vividos, mas a lembrança de que sempre me faltou algo.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Claramente

Eu quero a clareza
dos fatos, dos atos,
clarificar a mente.

Eu quero a clareza
de ideias e de expressão.
Esclarecer...

Eu quero o calor e o clarão do sol
para aquecer no frio,
para iluminar a escuridão.

E a claridade do sol
para acender a manhã
e clarear os pensamentos.

Eu quero a claridade dos rios límpidos,
a pureza e a transparência
das águas claras.

Eu quero a claridade
do teu sorriso
preenchendo as clareiras da minha vida.

Eu quero o dia, e não a noite
A clareza
para afastar as trevas.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A viagem na literatura

Sem tempo para colocar aqui textos artísticos, compartilho com vocês alguns pensamentos críticos sobre a literatura.
Segue o link de um artigo meu publicado na revista Urutágua da UEM, no qual discuto a importância da viagem para a literatura, e, em especial, na literatura de João Guimarães Rosa.
Assim que minha dissertação acabar, volto à ativa!
Abraços a todos!
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/article/view/9532/6308