Começo hoje indicando a literatura de Chico Buarque que vem surpreendendo a cada nova publicação. Lendo seus quatro livros: Estorvo (1991), Benjamin (1995), Budapeste (2004) e Leite Derramado (2009), vemos claramente a evolução do escritor, pois cada narrativa parece superar a anterior, e o artista atinge seu auge (por enquanto!) com Budapeste.
Todos os três primeiros livros renderam roteiros para o cinema, mas, sem dúvida, o filme de maior sucesso foi Budapeste. Este, é uma adaptação do livro, e, portanto, quem leu o livro e vê o filme esperando ver exatamente o que encontrou nas letras de Chico vai com certeza se decepcionar. O livro é muito superior ao filme, como quase sempre acontece!
Pode ser que em breve também veremos Leite Derramado nos cinemas, afinal, o nome Chico Buarque já vende por si só!
De todos os quatro, Budapeste parece, ao meu ver (pois não é a opinião de muitos críticos) o melhor e Leite Derramado, apesar de seu inegável valor literário, não consegue superar a arquitetura magistral da narrativa de Budapeste.
No entanto, é dele que quero citar um trecho hoje, que mostra o prazer de ler um poeta/músico escrevendo um romance. Mesmo que a história não seja tão inovadora assim, as felizes escolhas poéticas do escritor e seus narradores apaixonantes e complexos, conferem ao leitor um prazer imenso ao mergulhar em sua literatura:
"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta." Chico Buarque - Leite Derramado
Sobre o livro, a Globo News fez um especial que vale a pena ver: Segue o link para o vídeo do programa, com leitura de trechos do livro pelo próprio autor.
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