Minha rigidez é uma armadura
Calcificação dos traumas e perdas
Que o tempo depositou em minha alma
Se hoje não transpareço a suavidade e doçura que
outrora tive
É porque amargaram minha boca com o gosto acre das más
notícias
E minhas mãos se engrossaram do trabalho para
sobreviver.
Se hoje eu sorrio pontualmente
E sou conhecida pelo mau humor tradicional
É por medo de perder o sonho na estrada, novamente
Minha carapaça foi construída pelo acúmulo de golpes do
tempo
Me protejo nessa casca, mas não encolho
Rígida, sigo a passos lentos e constantes
Como um escaravelho sagrado