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sábado, 12 de junho de 2010

Receio

No último fim de semana estive novamente em minha querida Poços de Caldas/MG visitando a família, e, com a ajuda de meu irmão, conseguimos fazer mais um resgate de uma das poesias de papai, publicada há muitos anos no já extinto "Diário de Poços".
Outro clássico soneto do "Seu" Ary!

Receio

Pousa a cabecinha em meu ombro e sonha
Cisma tranqüila, quietamente e pensa
Que estás perdida na amplitude imensa
Do firmamento, ó minha flor tristonha!

Deixe que a turba lá de fora ponha
Em seu amargo pessimismo adensa
Treva dos males vem assim risonha
Plácida e meiga na ardorosa crença.

Guarde as mãozinhas em minha mão ansiosa
Cerre as pestanas de cetim e rosa
E eu cante o amor e viva na alegria

Triste alegria de te ver presente
E ter no peito esta dor latente
E este receio de perder-te um dia!

Ary Clayton de Oliveira

terça-feira, 25 de maio de 2010

Soneto de papai

Hoje lembrei-me do primeiro soneto que eu decorei em minha vida, de autoria de meu próprio pai!
É impressionante que passaram-se mais de 15 anos e eu nunca me esqueci, talvez devido à sonoridade fácil dos decassílabos, ou as rimas perfeitas.
Claro que quando decorei eu ainda era criança para observar se era ou não um soneto e qual a seria a qualidade dele! Para mim, era a poesia do papai e isso já era suficiente!
Pena que meu pai se deixou levar pelo toque do tempo e se desfez de tantos outros poemas. Só restou este, salvo pela memória de infância, que, infelizmente, não guardou o título da poesia.
Mas aí segue o que me lembro:

O gigante que cresce em minh’alma

Me dispõe a procurar com ardor

Um pouco de paz, um pouco de calma

Nas sendas deliciosas do amor.

Amar é a seiva natural da vida

É como beber o vinho que anima

Na alma gêmea da pessoa querida

Sendo feliz, assim, nessa doce sina.

O tempo passa e urge a aproveitar

Cada segundo, sugado para amar

Guardando de bom no coração

Guardando de bom tudo, tudo:

Carinho, amor, olhar mudo

O beijo ardente da paixão.