quarta-feira, 26 de maio de 2010

Microconto

Os microcontos vêm ganhando força na internet, principalmente com a nova onda do twitter. São contos escritos, em geral, entre 140 a 150 caracteres. O grande desafio é a concisão da narrativa, contar uma história da maneira mais sucinta possível.
É um exercício interessante!
O meu escritor favorito de microcontos é o Carlos Seabra(No twitter: @microcontos/ Blog: http://cseabra.utopia.com.br/microcontos/)
A ABL lançou um concurso entre os "twitteiros", e estou concorrendo com o seguinte microconto:

O mineiro queria conhecer o mar. Decidiu mudar-se, mas, ao comprar as malas, conheceu Marina e afogou-se em seus olhos azuis.



terça-feira, 25 de maio de 2010

Soneto de papai

Hoje lembrei-me do primeiro soneto que eu decorei em minha vida, de autoria de meu próprio pai!
É impressionante que passaram-se mais de 15 anos e eu nunca me esqueci, talvez devido à sonoridade fácil dos decassílabos, ou as rimas perfeitas.
Claro que quando decorei eu ainda era criança para observar se era ou não um soneto e qual a seria a qualidade dele! Para mim, era a poesia do papai e isso já era suficiente!
Pena que meu pai se deixou levar pelo toque do tempo e se desfez de tantos outros poemas. Só restou este, salvo pela memória de infância, que, infelizmente, não guardou o título da poesia.
Mas aí segue o que me lembro:

O gigante que cresce em minh’alma

Me dispõe a procurar com ardor

Um pouco de paz, um pouco de calma

Nas sendas deliciosas do amor.

Amar é a seiva natural da vida

É como beber o vinho que anima

Na alma gêmea da pessoa querida

Sendo feliz, assim, nessa doce sina.

O tempo passa e urge a aproveitar

Cada segundo, sugado para amar

Guardando de bom no coração

Guardando de bom tudo, tudo:

Carinho, amor, olhar mudo

O beijo ardente da paixão.

Leite Derramado


Começo hoje indicando a literatura de Chico Buarque que vem surpreendendo a cada nova publicação. Lendo seus quatro livros: Estorvo (1991), Benjamin (1995), Budapeste (2004) e Leite Derramado (2009), vemos claramente a evolução do escritor, pois cada narrativa parece superar a anterior, e o artista atinge seu auge (por enquanto!) com Budapeste.
Todos os três primeiros livros renderam roteiros para o cinema, mas, sem dúvida, o filme de maior sucesso foi Budapeste. Este, é uma adaptação do livro, e, portanto, quem leu o livro e vê o filme esperando ver exatamente o que encontrou nas letras de Chico vai com certeza se decepcionar. O livro é muito superior ao filme, como quase sempre acontece!
Pode ser que em breve também veremos Leite Derramado nos cinemas, afinal, o nome Chico Buarque já vende por si só!
De todos os quatro, Budapeste parece, ao meu ver (pois não é a opinião de muitos críticos) o melhor e Leite Derramado, apesar de seu inegável valor literário, não consegue superar a arquitetura magistral da narrativa de Budapeste.
No entanto, é dele que quero citar um trecho hoje, que mostra o prazer de ler um poeta/músico escrevendo um romance. Mesmo que a história não seja tão inovadora assim, as felizes escolhas poéticas do escritor e seus narradores apaixonantes e complexos, conferem ao leitor um prazer imenso ao mergulhar em sua literatura:

"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo o mal fermenta." Chico Buarque - Leite Derramado

Sobre o livro, a Globo News fez um especial que vale a pena ver: Segue o link para o vídeo do programa, com leitura de trechos do livro pelo próprio autor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Pra começar

O título "Pulsão narrativa" quer explicar o que me leva hoje a abrir um blog. Para quem escrever? Quem vai ler? Não são essas questões que movem essa nova "blogueira" a escrever, mas uma "pulsão narrativa" que é incontrolável!
A pulsão de narrar, para leigos como eu, pode ser entendida como algo que nos impulsiona a narrar, contar e ouvir. É a necessidade que o grande Riobaldo de Grande sertão: veredas sente de contar sua história a fim de revivê-la, revisitá-la, compreendê-la, e é a mesma necessidade que todos nós também sentimos de dizer algo, seja em blogs, microblogs ou diários.
A internet nos possibilita essa facilidade de externar essa necessidade narrativa e partilhar com quem queira nossos pensamentos acerca de qualquer assunto.
Aqui pretendo partilhar pensamentos a respeito de crítica literária, alguns textos inéditos de minha autoria (poesia, microcontos e contos), sugestões bibliográficas, enfim, o que a pulsão de narrar me motivar no dia!
A quem se interessar, seja bem-vindo e dê sua opinião!