Posso ouvir agora o barulho das águas
que caem como frios véus,
como o choro sentido das montanhas...
Há quanto tempo não sinto o frescor das cachoeiras...
Água corrente e intensa
que limpa a alma e a mente.
O relaxamento e a paz
oferecidos gratuitamente pela natureza
mas que não sinto há tantos anos.
Hoje sei que é preciso aproveitar a vida
nos seus detalhes...
19 julho 2010.
Divulgação de textos inéditos de autoria feminina contemporânea. Poesia contemporânea. Literatura
sábado, 28 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
A noiva
“Os noivos convidam para a cerimônia de seu casamento a realizar-se no dia...” dizia o convite que Núbia revisava na gráfica. Ficaram como ela esperava, agora era começar a maratona da entrega dos convites de casamento que deveriam ser entregues em mãos, conforme manda a etiqueta, e como ela queria carinhosamente cumprir a regra.
Convites impressos, Núbia segue para casa pensando em todos os detalhes para o grande dia, afinal, nos pensamentos de uma noiva só há lugar para o casamento. Começa a refletir como passou rápido o noivado, aliás, como passou rápido toda a sua vida, desde a infância, quando brincava de casar suas bonecas Barbie com os seus “Bobs” e “Kens”, depois, quando adolescente, achava que o primeiro garoto que a beijasse seria aquele com quem ela se casaria, teria muitos filhos e seria feliz para sempre! Todos os outros fatos que vivenciara até aquele momento significavam tão pouco perto do grande acontecimento que viria. Sua vida começaria agora...
Tantos detalhes deveriam estressá-la, mas, ao contrário, enchiam-na de uma delicada felicidade, suave como o véu que cobriria os seus ombros dentro de trinta dias. Saiu da gráfica e depositou delicadamente os convites no banco de trás de seu carro, como quem coloca para dormir seu bebê recém-nascido. Em seus pensamentos todos os detalhes eram repassados para certificar-se se estava tudo em ordem: “checar a lista de convidados, o bolo, os doces... e o vestido será que é esse mesmo? E o véu? Longo ou curto? Usarei véu? Sim, claro, foi assim que imaginei desde menina. Uma noiva que se preze tem de ter véu e grinalda! Será que me esqueci de convidar alguém? Sempre se esquece de alguém importante... Preciso reservar o hotel, lua-de-mel, passagem. Os documentos para o cartório. Mudarei meu nome de família? Não sei, trata-se de minha identidade, minha história... Mas minha história recomeça agora... Buquê, brincos, arranjos, cor da festa, o carro da noiva, o cabelo, a maquiagem, as luzes, a Igreja, a Ave Maria de Gounod, já posso ouvir, Ave Maria... luzes, tanta luz, o branco, o vestido, branco... tudo branco... De repente, a claridade da paz.
Os policiais encontraram os convites de casamento espalhados pela rodovia. O noivo sabia que o maior desejo da amada era casar-se de branco. Então, decide realizar o último desejo da amada, mesmo que não fosse ele quem a desposasse. E vestida de noiva, ela deixou-se desposar pela eternidade.
Aline Maria Magalhães
Outubro de 2009.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
O inenarrável
A palavra pulsa em meu corpoE a necessidade de narrar me inquietaAs palavras teimam em fugir de meus pensamentosPara ocupar a folha em brancoMas palavras são teimosasTeimam em ser inexatasE muitas vezes é justamente o inenarrávelAquilo que eu queria dizer.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Que história vamos contar?
Antes de acabar esta copa da África do Sul, gostaria de aproveitar para postar um vídeo da escritora africana Chimamanda Adichie, que nos leva a refletir como o mundo vê a África baseado na história eurocêntrica que vem sendo passada ao longo dos anos.
Ela alerta para o perigo de se contar uma só história de todo um povo. Existem várias histórias que podem ser contadas deste povo, cada versão dependerá de quem conta a história.
Fico pensando qual será a versão da história que nós brasileiros iremos passar para o mundo na Copa de 2014. Vamos prosseguir com a versão de um país selvagem, exótico? O ex-otico depende da ótica de quem vê.
Vamos contar a história dos vencidos, dos colonizados?
Segue o vídeo da escritora que dispensa comentários, pois é muito articulada.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Fim da viagem de José Saramago
"No final, descobrimos que a única condição para a vida existir é a morte". (Saramago, 2005)
Faleceu hoje, aos 87 anos, o escritor português vencedor do prêmio Nobel de literatura, José Saramago.
Autor de livros polêmicos como "O evangelho segundo Jesus Cristo" que vendeu mais de 200 mil exemplares, Saramago também viu seu livro "Ensaio sobre a cegueira", com mais de 300 mil exemplares vendidos, ser transformado em filme, sob direção do brasileiro Fernando Meirelles. Na ocasião da estréia do filme, o escritor chegou a chorar de emoção, fato que mostra um pouco da personalidade do escritor que, apesar de posições duras na política ou em questões religiosas, era de uma imensa doçura e sensibilidade que transparecem também em seus escritos.
Apesar da avançada idade, o escritor continuou trabalhando até o último momento. Seu último livro foi publicado há apenas dois anos "A viagem do elefante" (2008) e ainda contava com um blog no qual escrevia regularmente.
Sua última postagem no blog data de hoje, 18 de julho, mesmo dia de sua morte. Suas últimas palavras atentam à necessidade da reflexão e filosofia no mundo atual. Veja suas ultimas palavras no blog http://caderno.josesaramago.org/2010/06/18/pensar-pensar/
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sábado, 12 de junho de 2010
Receio
No último fim de semana estive novamente em minha querida Poços de Caldas/MG visitando a família, e, com a ajuda de meu irmão, conseguimos fazer mais um resgate de uma das poesias de papai, publicada há muitos anos no já extinto "Diário de Poços".
Outro clássico soneto do "Seu" Ary!
ReceioPousa a cabecinha em meu ombro e sonhaCisma tranqüila, quietamente e pensaQue estás perdida na amplitude imensaDo firmamento, ó minha flor tristonha!Deixe que a turba lá de fora ponhaEm seu amargo pessimismo adensaTreva dos males vem assim risonhaPlácida e meiga na ardorosa crença.Guarde as mãozinhas em minha mão ansiosaCerre as pestanas de cetim e rosaE eu cante o amor e viva na alegriaTriste alegria de te ver presenteE ter no peito esta dor latenteE este receio de perder-te um dia!Ary Clayton de Oliveira
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Ausência
Sempre uma ausência profundaSempre aquele instante eternoSempre a saudade de tudo me envolve.É aquele vaziode tua ausênciaque me atormenta.É a saudade- palavra plena -Que me persegue.É uma espera constante a minha vida.Espero os dias passarem, ou voltarem,mas não voltam.Porque Deus fez o mundo tão imensoe os corações tão pequeninos?(Aline Maria Magalhães - 21/09/2006)
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